Olá megeanos(as)!
Parabéns, ENAM! Missão cumprida. Desde o início, sabíamos que a sua função seria criar apenas mais uma dificuldade, sem maiores justificativas técnicas, na caminhada de pessoas que decidiram dedicar suas vidas (após 8 anos de caminhada jurídica) a exercer uma das funções mais nobres entre as carreiras públicas – que só viria após aprovação em um concurso que exigia 5 fases e com duração média de 1 ano e meio).
Claro, isso antes do ENAM. Agora, são 6 etapas!
O nosso curso levou muito a sério a hipótese de que seria oferecida uma prova que sugerisse algo relacionado à vocação. Afinal, a comissão formada era digna de aplausos e o edital também repleto de temas valiosos para inspirarem novos horizontes aos futuros magistrados e magistradas (o que já poderia ser exigido nas fases previstas ao concurso em seu modelo clássico, convenhamos).
Desconfiado que somos, não deixamos também de prezar pelo estudo da lei seca (inclusive, temos um material chamado VADE MEGE em que selecionamos artigos em todas as leis para fomentar isso – o “decoreba”) e de conceitos básicos em todas as matérias (afinal, os considerandos da Resolução do ENAM que anunciavam uma prova que fugiria da literalidade poderiam não ser tão reais).
Para nossos alunos, preparamos, sim, outros formatos de materiais mais decorebas. E, para sorte de todos, isso foi fundamental em diversas questões (que “fugiram” ao perfil da prova vocacionada prometida).
Conseguimos, como curso, tratar de praticamente tudo que caiu em prova, mas, a preparação vocacionada que foi anunciada, também levamos a sério e ajudamos em tudo que caiu nesse formato (que nos traz mais contentamento nesse sentido, pois era a proposta maior de tudo). Embora continuemos sem entender porque não se cumpriu com o prometido, e se entregou uma prova, pelo menos, quase que 100% nesse formato.
Esse seria o único argumento a ainda sustentar a necessidade do ENAM. No final do apurado, foi uma prova comum. Sim, com muitas questões decorebas também! Se todos tivéssemos confiado tanto no branding do exame, o resultado não seria digno do esforço extra de nossos alunos para também “decorar” no intuito de ir bem na prova. Muitos foram! E, olha, justamente o perfil que vocês gostariam de evitar!
Um exemplo disso!? Nós demos ao nosso aluno o conteúdo da agenda 2030. Antecipamos o que vocês pediram em prova no Vade Mege e material doutrinário. Tratamos do tema em aula na revisão de sábado também (foi o primeiro assunto, inclusive). Mas, sobre um conteúdo tão rico, é sério que trocar uma palavra dentre as intenções da ODS 16 foi a forma de observar a vocação do futuro juiz(a)!? Uma dica: identifiquem quem criou essa questão e já troquem o responsável para a próxima prova.
Isso é ser decoreba e pobre! Decoreba, porque esperava que o futuro magistrado(a) estudasse cada vírgula de um edital imenso. Pobre, porque esse assunto é muito valioso, contexualizável e interdisciplinar. Seria lindo se exigido em outra roupagem. Mas, tudo bem! Nós já sabíamos que o ENAM não agradaria a ninguém ao final de sua primeira edição. Palpites confirmados!
Poderíamos agora, como curso, apenas comemorar que tratamos de praticamente todos os 400 itens de 80 questões em nossa turma ponto a ponto. Mas, sinceramente, nem disso gostamos sob o viés social maior. Pois, nós (sim!) educamos nossos alunos para o perfil vocacionado que vocês anunciaram desejar. Lecionamos com amor! Amadurecemos lições que são repassadas nos cursos de formação para esse pretenso candidato em seus primeiros passos de estudo. Isso é nobre. Gostamos dessa tarefa recebida!
No entanto, ao final de tanto zelo, no dia 14/04/2024, prevaleceu a outra abordagem que também tivemos que tratar pelo caminho: a decoreba. E isso foi uma importante precaução nossa! Afinal, prova objetiva também precisa ser estudada com inteligência de hipóteses de perfis. Não quisemos confiar 100% que uma prova para marcar “x” manteria somente uma linha.
Nossos simulados anteciparam questões quase que idênticas em alguns casos. Sinceramente, nossos simulados foram o que o ENAM anunciou e não conseguiu cumprir.
A prova de Humanística foi boa! O ENAM que vocês prometeram estava ali (só para citar uma material específica). Mas, foi a exceção. Se o ENAM pudesse trazer algum lapso de justificativa seria esse: uma prova objetiva mais analítica e menos decoreba.
Falhou tecnicamente.
Queiramos ficar mais felizes do que somente também antecipar o “estudar a decoreba” onde foi decoreba e “estudar o analítico” onde foi analítico. Que se fizesse o exame 100% analítico e voltado para carreira! O espírito estaria melhor representado ao que foi vendido ao ouvido do concurseiro convocado a ser vocacionado.
O ENAM cumpriu a sua missão. A sua missão de se mostrar dispensável. Desnecessário. E de convocar para uma reflexão sobre a necessidade de se continuar com o modelo ou assumir o compromisso que assumimos nacionalmente: o de realmente educar os próximos magistrados através da vocação!
Considerem incentivar que se aprovem mais candidatos e caprichem nos cursos de formação como fase eliminatória ao aplicar métodos mais concretos de verificar vocação do que uma prova de marcar X.
Essa solução já prevista, se levada a sério, irá cumprir com brilhantismo a sua função social e não onerará os candidatos de todo país a prestarem uma nova fase no concurso de magistratura, não prevista em lei:
A mera prova de marcar X para avançar para a prova preliminar de marcar X de algum tribunal.
Neste 1° ENAM, muitos vocacionados não serão aprovados. Muitos decoradores passarão. Como curso, precisamos zelar pelos dois perfis. Embora também tivéssemos acreditado que a vocação poderia ter sido melhor trabalhada nessa prova que se mostrou, novamente, desconexa de seu propósito.
Aos concurseiros, nosso total apoio! Contem sempre com nossos esforços para entregar a melhor solução para os desafios postos. Jamais deixaremos de considerar todos os cenários no que for necessário para sua aprovação, assim como isso não significa que concordemos com o formato com que se impõe e nem com o que precisa ser feito para isso. Algumas vezes somos apenas isso, a dica rasa para que vençam o problema raso. E mais uma vez acertamos em ser precavidos também nessa vertente.
Fica aqui a renovação de nosso protesto contra o ENAM! O bom desempenho do curso nas antecipações em uma prova objetiva comum é absolutamente secundário diante de um tema de valor social tão sério.
Ficam as reflexões para a prova de Outubro.
A de Abril foi mais do mesmo.
A finalidade não se cumpriu.
Não se justificou.
Para conectar com o edital, considerem repensar até pela “análise econômica do Direito”, se isso realmente ainda será uma bandeira! Deixamos uma solução para reflexão. Considerem. Nós representamos a voz de milhares de pessoas que abaixo desse texto são convidadas a participar desse relato de insatisfação ao primeiro ENAM.
Arnaldo Bruno Oliveira
Fundador do Curso Mege
(Uma opinião de quem viu de 2.111 aprovações de nossos alunos na magistratura brasileira, sem o ENAM, e sabe o quanto o caminho é longo e demanda uma entrega de vida).
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Na primeira hora da prova me decepcionei com ela.
Apoio o texto era mais do mesmo.
Não priorizou a vocação.
Somente o decoreba!
Dispensável foi exatamente o resumo dessa prova.