Por que estudar para Defensoria Pública?

Estudar para Defensoria Pública exige dedicação e paixão. Neste artigo, o professor Rafael Magagnin (Defensor Público no Estado do Rio Grande do Sul), mostra porque escolheu a carreira.

“Inerentes ao cargo de Defensor Público são o desprendimento e o altruísmo. A vitória do Defensor Público está em dar voz aos necessitados, conduzindo-os à verdadeira cidadania. Está em servir e bem servir aos concidadãos. Neste País de dimensões continentais, inclusive quanto às diferenças socioeconômicas, não lhes faltará serviço, caríssimos Defensores”.

Este trecho inspirador não foi escrito ou dito por mim, mas pelo Ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal, no discurso de posse de ex-Defensora Pública Geral do Estado de São Paulo, em evento ocorrido no ano de 2010. Apesar de ter mais de dez anos, sua essência ainda se mantém viva e, quem sabe, até mesmo mais forte, nos dias de hoje. O Defensor(a) Público(a) tem como função primordial a de dar voz aos concidadãos. Aos mais desfavorecidos. Aos mais necessitados.

Minha escolha pela Defensoria Pública:

Vou contar a vocês, brevemente, parte da minha escolha pela Defensoria Pública. Trabalhava, eu, no Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, quando me deparei com uma Defensora Pública, que apesar de estar próxima da aposentadoria, subia e descia, diariamente, as escadas do Foro onde eu trabalhava, de mãos dadas com seus assistidos, encaminhando-os para as salas de audiências, para os cartórios, para as salas de mediação.

Depois de muito assistir a esta cena, que se repetia sempre, certo dia perguntei a ela o motivo de estar sempre com o(a) assistido(a) junto de si, ao que me respondeu que isso era o seu trabalho. Que ela não poderia ficar apenas dentro do gabinete, sem saber se o(a) assistido(a) teria o seu direito efetivamente reconhecido e entregue. Para aquela Defensora Pública, que hoje está aposentada, mais importante do que a nobreza do cargo (desprendimento) e o reconhecimento pelo seu trabalho (altruísmo) estava a satisfação do direito do(a) seu(sua) assistido(a). Esse era o maior valor que ela tinha no seu trabalho e, quem sabe, a razão dela exercer aquele cargo.

A partir daquele dia, a ideia de me tornar Defensor Público jamais saiu da minha cabeça. A luta e a persistência, até alcançar o cargo almejado, não foram fáceis, mas, hoje, penso que tomei a decisão mais correta da minha vida. Aquela Defensora Pública, que conheci há mais de dez anos, hoje está viva em mim e consigo ver ela em mim todos os dias, quando acordo me dirijo ao meu gabinete. Penso, todos os dias, que não posso decepcionar aquela Defensora Pública, pois ela acendeu em mim uma chama que eu tenho que passar adiante, que não pode morrer.

A opção pela Defensoria Pública exige, sim, altruísmo e desprendimento. Não penso que qualquer pessoa poderia exercer este cargo. Não apenas pelo conhecimento jurídico, afinal de contas, todos os cargos de ponta, hoje, são igualmente disputados, mas pelo que acontece depois da posse. A Defensoria Pública muda a vida de todos os envolvidos, não apenas dos(as) assistidos(as), mas também (e principalmente) dos(as) Defensores(as) Públicos(as). E essa mudança não tem volta, até porque você jamais vai querer voltar a ser o que era antes.

Vamos juntos, fazer parte desta instituição? Você aceita parte desta chama?

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